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É gripe ou resfriado?

Essa é uma pergunta corriqueira nos consultórios médicos. Mas por que será que os pacientes e médicos não se entendem muito bem no tema?

1. Sintomas

De maneira geral, os quadros de gripe são mais intensos que os quadros de resfriado. O que ocorre é que o vírus Influenza, o principal responsável pelos quadros gripais, geralmente causa um quadro clínico muito mais intenso e duradouro.

Os quadros gripais costumam cursar com sintomas de febre, dor no corpo de dor de cabeça. Não quer dizer que os quadros de resfriado não causem tais sintomas, mas geralmente são mais amenos e duram menos tempo.

Os casos de gripe comumente duram vários dias, ou até uma semana. Nesse sentido, são muito debilitantes e costumam afastar os indivíduos do trabalho e das atividades escolares.

Coriza, tosse e espirros são sintomas comuns entre as duas afecções – todavia as complicações infecciosas bacterianas mais graves como: pneumonia, otite, sinusite bactéria -, geralmente são mais observadas nos quadros de gripe.

Ainda, é fundamental que se tenha a ciência que comumente esses quadros são mais prevalentes no inverno e na meia estação, para evitar a confusão que alguns pacientes fazem ao atribuírem seus sintomas a rinite alérgica.

No caso da COVID-19, os sintomas podem apresentar uma mescla dos dois quadros clínicos, sendo que nos quadros que acomete pacientes não vacinados, os sintomas podem ser tão intensos quanto dos pacientes acometidos pelo vírus Influenza.

2. Agentes

Os quadros de gripe, como relatado acima, comumente são ocasionados pelo vírus Influenza. Já os quadros de resfriados comumente são causados por: Adenovírus, Parainfluenza, Rinovírus, Vírus Sincicial Respiratório, etc.

3. Transmissão

Em ambos os quadros, a transmissão dos germes ocorre por via direita, ou seja: espirros, beijo, tosse, toalhas, talheres, contato com a mãos, ambiente compartilhado de trabalho, etc.

Ainda, é importante que se saiba que, nos quadros de gripe, geralmente o indivíduo já transmite o vírus no dia anterior ao início dos sintomas, e a transmissão se finda geralmente após 5 dias do início do quadro clínico. Nos quadros de resfriado, os pacientes podem transmitir o vírus até por mais tempo.

Assim, é importante ter essas informações em mente para que tenhamos consciência da importância do afastamento social e uso de máscara na vigência dos sintomas.

4. Diagnóstico

Mas afinal, qual a importância de se fazer o diagnóstico?

Primeiramente, é fundamental deixar claro que o diagnóstico microbiológico auxilia muito a formar uma base estatística e, nesse sentido, ajudar os entes públicos a programar campanhas de vacinação e otimização de profissionais da saúde em determinados meses do ano e locais do país.

Todavia, para se formar uma base estatística, é importante que tais dados sejam organizados e selecionados para que realmente sejam confiáveis e realmente úteis para esse fim.

O diagnóstico confiável inicia por uma história clínica bem feita e por um exame físico minucioso. Além disso, o histórico vacinal do indivíduo é fundamental para tal propósito.

O teste sorológico, detecção dos anticorpos do próprio indivíduo, geralmente não são requisitados devido ao tempo mais dilatado para que tenhamos tal resultado na coleta de sangue. Contudo, a detecção do próprio vírus ou de algumas proteínas que eles apresentam em suas superfícies, são os métodos mais utilizados, haja vista poderem ser coletados diretamente da secreção nasal do paciente e serem obtidos nos primeiros dias dos sintomas do enfermo.

Dentre os testes de antígeno viral mais realizados, podemos elencar: Influenza A e B, COVID-19 e Vírus Sincicial Respiratório. Geralmente estes testes são coletados entre o 3° e 5° dia dos sintomas para minimizar o risco de resultado falso negativo.

5. Tratamento

O tratamento costuma ser voltado para os sintomas que o paciente vier a apresentar.

Analgésicos e antitérmicos são os medicamentos mais prescritos pelos profissionais. Além disso, a lavagem nasal costuma facilitar a eliminação de secreções e minimizar o risco de que o quadro nasal possa evoluir para um quadro de sinusite bacteriana.

Quanto à congestão nasal e coriza, pode-se tratar tal quadro com medicamentos que associem paracetamol e pseudoefedrina, já que os mesmos reduzem a coriza clara e a vasodilatação capilar da mucosa nasal. Todavia, esses medicamentos devem ser evitados nos quadros nasais infantis. Há uma associação de bronfeniramina e fenilefrina, antialérgico e descongestinante sistêmico, bastante prescrita para crianças, porém deve-se monitorar os efeitos colaterais, já que não são todas as crianças que toleram esses medicamentos.

O uso de Oseltamivir pode ser uma opção de medicamento antiviral para o tratamento dos pacientes acometidos por Influenza, quando iniciado nas primeiras 48 h dos sintomas, ou mais tarde nos pacientes com comorbidades clínicas. Contudo, geralmente os pacientes já se apresentam com mais dias de sintomas quando do diagnóstico.  

O uso de descongestionantes nasais tópicos, quando utilizados para melhorar o quadro de obstrução nasal, devem ser usados pelo menor período possível e por pacientes selecionados, haja vista seus potenciais efeitos colaterais.

6. Prevenção

Além das orientações relatadas acima, como: isolamento social, uso de máscara, não compartilhamento de objetos pessoais, … – a vacinação é uma ótima opção para podermos evitar quadros graves de infecções virais de vias aéreas superiores.

Não quero dizer que o indivíduo vacinado não possa adquirir o vírus, contudo certamente um paciente vacinado terá menos sintomas quando infectado e menor taxa de internação hospitalar devido a complicações.

A vacinação, quando não tiver contra indicações por problemas imunológicos do paciente, gera uma “memória imunológica” no organismo, e o coloca num patamar mais adequado para enfrentar uma real infecção por um vírus não “neutralizado”.

Vacinas para os vírus Influenza, COVID-19 e Vírus Sincicial Respiratório são as mais indicadas no calendário vacinal – respeitadas as prioridades quanto à faixa etária, gestantes, lactantes e pacientes com doenças crônicas.

7. Conclusão

Por fim, agora ficou mais claro o assunto para você, não? Se tiver dúvidas, nos envie perguntas ou agende sua consulta!